Há algo que realmente diferencia uma pessoa emocionalmente inteligente de alguém que ainda tem dificuldade para lidar com os próprios sentimentos, segundo a psicoterapeuta Amy Morin. Há mais de duas décadas, ela estuda força mental e comportamento emocional, e é autora de vários livros, entre eles '13 Coisas que Pessoas Mentalmente Fortes Não Fazem'.
Em seu podcast, 'Mentally Stronger', Morin explica que muitos de nós "crescemos cercados por mitos e ideias erradas sobre emoções". Já as pessoas emocionalmente inteligentes são aquelas que encaram verdades difíceis sobre o que sentem. Ao fazer isso, elas desenvolvem mais força mental, constroem relacionamentos mais saudáveis e tomam decisões melhores no dia a dia.
Aqui vão cinco verdades difíceis de lidar que as pessoas com maior inteligência emocional aceitam.
Costumamos enxergar emoções negativas como algo ruim, mas a verdade é que todas as emoções são válidas. O que faz a diferença não é o sentimento em si, e sim a forma como reagimos a ele. A raiva, por exemplo, pode ser destrutiva, mas também pode dar coragem para defender algo importante.
"Pessoas emocionalmente inteligentes confiam na própria capacidade de regular, expressar e modificar suas emoções quando necessário", explicou Morin à CNBC. Em outras palavras, as emoções não controlam você, mas sim é você quem aprende a lidar com elas.
Muita gente acredita que controlar emoções significa engolir sentimentos ou agir como se nada estivesse acontecendo. Mas a inteligência emocional saudável funciona de outro jeito. Ela "consiste em permitir-se sentir emoções úteis e reduzir ou adaptar aquelas que atrapalham", explica Morin.
Uma pessoa emocionalmente inteligente percebe, por exemplo, quando a ansiedade está tão alta que já atrapalha a concentração, e toma atitudes práticas para lidar com isso: dar uma caminhada, meditar ou escrever o que está sentindo. O ponto central é ouvir a emoção e decidir conscientemente o que fazer com ela.
É comum dizer que alguém nos fez sentir raiva, tristeza ou frustração. Mas existe uma diferença entre uma ação despertar uma emoção em nós e alguém ser o responsável direto por aquilo que sentimos. "Você controla como se sente", afirma Morin.
Segundo ela, as emoções surgem da nossa interpretação da situação, e não simplesmente das palavras ou atitudes do outro. Por isso, em vez de dizer "você me deixou com raiva", uma postura mais madura é afirmar "eu fiquei com raiva por causa do que aconteceu". Assumir essa responsabilidade aumenta (e muito) nosso controle emocional.
Essa talvez seja uma das ideias mais difíceis de aceitar, já que frases como "precisa desabafar" ou "coloca tudo pra fora" fazem parte do nosso dia a dia. Mas Morin é direta: "Desabafar pode, na verdade, piorar as coisas". Ficar repetindo tudo o que incomoda tende a intensificar as emoções, não a aliviar.
Falar sobre sentimentos pode ajudar, sim, mas insistir nos mesmos motivos de frustração acaba travando a pessoa no problema. A especialista sugere focar mais em soluções e próximos passos, em vez de apenas remoer o que já aconteceu.
Evitar emoções desagradáveis, como tristeza, raiva ou frustração, é algo comum, mas pouco saudável. Esse comportamento, conhecido como evitação emocional, dificulta a resolução de problemas, prejudica o bem-estar e limita o crescimento pessoal, como aponta a Associação Espanhola de Psicologia da Saúde.
Além disso, tentar suprimir sentimentos costuma gerar o chamado "efeito rebote": quanto mais você tenta não pensar ou sentir algo, mais isso volta à mente. Segundo Morin, permitir-se sentir desconforto é essencial, porque "as emoções são como ondas: elas sobem, atingem um pico e depois diminuem".
O desconforto não dura para sempre. Cada vez que você enfrenta uma emoção difícil, fortalece sua confiança emocional. "Toda vez que você pratica a tolerância ao desconforto, tem a chance de desenvolver novas habilidades e aumentar sua inteligência emocional", explica a psicoterapeuta. E, no fundo, é isso que a maioria de nós busca: lidar melhor com o que sente e viver de forma mais equilibrada.